Preocupação mundial, lixo oceânico tem solução

O alto volume de resíduos sólidos, em especial o plástico, despejado no oceano é um problema global.

Atualmente, existem imensas “ilhas” de plástico flutuante, formadas por microplásticos (grãos com menos de 5 mm) que ficam presos no interior de correntes marinhas.

As cinco maiores ilhas de plástico flutuantes ficam localizadas nos principais vórtices oceânicos:

  • Pacífico Norte
  • Pacífico Sul
  • Atlântico Norte
  • Atlântico Sul
  • Oceano Índico

“O relatório da ONU destaca que o plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos e adverte que, até 2040, os volumes de plástico que fluem para o mar quase triplicarão, com uma quantidade anual entre 23 e 37 milhões de toneladas”, alerta Tania Sassioto, diretora de Projetos e Parcerias na eureciclo.

Impactos do plástico nos oceanos

Citando dados da Marinha do Brasil, Tania explica que 80% destes resíduos têm origem em terra, chegando aos oceanos por meio dos cursos d’água. “O lixo que vemos ‘jogado’ na cidade acaba chegando, em algum momento, aos rios e oceanos”.

O dano mais evidente é o ambiental, já que prejudica não só os animais marinhos, mas também plantas como plânctons e algas, responsáveis por grande parte da produção de oxigênio na terra e fonte de alimento de muitos destes animais.

Mas a diretora da eureciclo lembra que há outros impactos:

Econômico: o investimento do poder público na limpeza e recuperação de mares e rios poderia ser aplicado em outras áreas igualmente prioritárias. Ao mesmo tempo, o lixo oceânico pode afetar o turismo, diminuindo a receita de determinadas regiões.

“Além disso, na conferência em comemoração ao Dia Mundial do Oceano, em 2021, o então secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, explicou que a poluição plástica e a sobrepesca já causaram uma perda de quase US$ 90 bilhões”, destaca.

Social: entre outros impactos, a contaminação de peixes e outras espécies marinhas que ingerem o resíduo afeta a saúde dos seres humanos que consome estes animais.

O papel de cada um

Por sua abrangência e complexidade, o problema do lixo oceânico requer a participação de todos os atores da sociedade.

A solução passa por questões relacionadas ao tipo de plástico utilizado pela indústria (biodegradáveis, recicláveis), no investimento em reciclagem e também na educação ambiental. Tania cita alguns exemplos:

Indústrias: devem buscar soluções para diminuir o potencial de poluição das suas embalagens por meio do design e escolha dos materiais das embalagens, além de implementar uma solução de logística reversa para garantir a reciclagem do volume gerado.

“Com o selo eureciclo, por exemplo, as empresas incentivam financeiramente a cadeia de reciclagem e garantem a reinserção do material de embalagens”, completa.

Poder público: é a quem cabe criar e aperfeiçoar leis e regulamentações sobre reciclagem. Esta legislação precisa ser encarada como prioridade pelos governos em todas as esferas, que devem garantir seu cumprimento por meio da fiscalização.

Consumidores: podem reforçar este movimento dando prioridade às empresas engajadas nas questões socioambientais. Cada pessoa, dentro de suas casas, empresas e nos momentos de lazer, deve rever seus hábitos de consumo e, principalmente, de descarte, realizando a separação correta dos resíduos recicláveis e evitando jogar lixo nas ruas e na natureza.

Iniciativas e soluções

Muitas iniciativas da sociedade civil vêm se provando bem-sucedidas para minimizar o problema do lixo oceânico, tanto no Brasil como no exterior. A pedido do Mundo do Plástico, a diretora da eureciclo elencou alguns deles:

Onda Circular, da Burle Experience

Apoiada pela eureciclo, junto com a Trashin e a Cooper Ecológica, acontece no Rio de Janeiro. Promove a compensação ambiental do dobro do volume de resíduos recicláveis pós-consumo (plástico, papel, vidro e metal) recolhidos na região. Por exemplo, a cada duas toneladas retiradas das praias, quatro toneladas do mesmo tipo de material são recicladas.

Voz dos Oceanos

Liderado pela Família Schurmann, realiza expedições para registrar a poluição nos mares in loco e navegar em busca de soluções inovadoras para o problema.

Ocean Cleanup

Projeto de nível global, nasceu com o objetivo de acabar com o plástico da Grande Ilha de Lixo do Pacífico. Para isso, utiliza uma espécie de barragem móvel, levada por dois barcos, que recolhe os resíduos e os encaminha para a reciclagem. A Ocean Cleanup instala também interceptores para retirar o lixo dos rios, evitando que chegue ao mar.

“É extremamente importante buscar maneiras de diminuir este impacto negativo, em especial com educação ambiental e descarte correto, mas também buscando tipos de plástico menos poluentes e investindo muito na cadeia de reciclagem, que é o que fazemos na eureciclo. Desde o início das operações, já remuneramos cerca de 300 centrais de triagem que coletam, separam e destinam os materiais para a reciclagem com quase R$ 40 milhões, graças à parceria com cerca de 7 mil empresas em todo o país”, reforça.

Fonte: Mundo do Plástico